21mar

Como ajudar uma criança com discalculia a melhorar em matemática

A discalculia é uma perturbação da aprendizagem extremamente heterogénea, pelo que as crianças discalcúlicas podem ter perfis muito diferentes. No entanto, existem guias gerais que sempre podemos seguir ao planejar um programa de intervenção para saber como ajudar uma criança com discalculia, independentemente do seu perfil.

Identificação de pontos fortes e fracos

A discalculia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica que afeta a correta aquisição das habilidades matemáticas. O fato de ser neurológico e de origem genética não significa que não se possa ajudar uma criança com discalculia a melhorar as suas habilidades matemáticas. O importante é identificar com exatidão os seus pontos fortes e fracos para poder organizar um programa de intervenção personalizado. De fato, se um aluno apresenta problemas graves na aprendizagem de matemática, os pais e professores deveriam encaminhá-lo ao orientador escolar ou a um profissional externo à escola, para realizar uma avaliação completa. A avaliação deve incluir testes psicológicos de inteligência, atenção e leitura, bem como testes específicos de matemática, a fim de identificar com precisão as áreas de intervenção.

Dificuldades típicas das crianças com discalculia

A discalculia pode se apresentar de forma muito heterogênea, mas, em geral, as crianças com discalculia experimentam dificuldades com os aspectos mais básicos do processamento numérico, como, por exemplo, a capacidade de discriminar entre quantidades, a contagem ou o reconhecimento de números. Como consequência, eles não têm a base para desenvolver um conhecimento matemático mais avançado. Além disso, as crianças com discalculia geralmente apresentam problemas de memorização de fatos e procedimentos numéricos e de conceitos matemáticos.

Como ajudar uma criança com discalculia

Vamos ver alguns conselhos gerais que podem ajudar crianças com discalculia a superar essas dificuldades e facilitar o aprendizado da matemática.

Minimizar a quantidade de informação a ser memorizada

As crianças com discalculia podem ter graves problemas de memória de trabalho e de memória de longo prazo. Estas dificuldades são evidentes no caso da memorização de fatos numéricos e conceitos matemáticos. Portanto, é muito importante minimizar a quantidade de informação que as crianças devem memorizar. Proporcionar suportes visuais, como a tabuada ou esquemas com fórmulas matemáticas, pode ajudar muito nesse sentido, porque a criança pode focar todos os seus recursos cognitivos no processo de raciocínio.

Do concreto ao abstracto

Uma vez que as crianças com discalculia têm problemas em armazenar informação numérica, quando trabalhamos com elas é especialmente necessário que a aprendizagem se baseie numa compreensão profunda dos conceitos e procedimentos matemáticos. Assim, por exemplo, os procedimentos de resolução das operações básicas devem ser explicados e trabalhados em alternativa à mera memorização. Para facilitar este processo, a aprendizagem deve passar do concreto para o abstrato. Por exemplo, no ensino do valor posicional dos números podemos começar com a explicação do conceito com objetos reais como, por exemplo, as barras numéricas, logo seguir com uma representação em forma de desenho e no final utilizar somente símbolos abstratos (os dígitos). Neste processo, a utilização de materiais manipulativos, como a tabuada de multiplicação Montessori, blocos de base 10 ou barras numéricas, desempenha um papel muito importante.

Personalização perfeita

Para apoiar a aprendizagem da matemática, é importante respeitar o ritmo de cada criança, especialmente no caso das crianças com discalculia. Cada criança tem um perfil específico de pontos fortes e fracos que devemos levar em conta para organizar uma intervenção o mais personalizada possível.

Neste sentido, muitos métodos de aprendizagem de matemática on-line podem nos ajudar, como o Smartick, que tem inteligência artificial para se adaptar a cada perfil. De fato, alinhado com o princípio da personalização dos conteúdos, o algoritmo do Smartick coloca cada criança no limiar da sua máxima competência após um teste de entrada. Depois, dependendo de como é o desempenho em cada sessão, vão se apresentando exercícios adaptados ao seu nível. Isso evita as potenciais frustrações das crianças com as tarefas matemáticas, respeitando o tempo de cada criança.

Envolvimento das famílias

O apoio da família é essencial quando se trabalha com crianças com discalculia. É importante que os pais não se sintam culpados pelo problema do filho e que compreendam as suas dificuldades com a matemática, evitando que sua autoestima seja prejudicada. Além disso, podem complementar as habilidades da criança, favorecendo um ambiente em que, de forma lúdica, haja referências ao mundo dos números. Por exemplo, jogos de cartas, dominó ou jogos de tabuleiro são ferramentas muito úteis que podem ser utilizadas em casa para favorecer a interiorização de conceitos numéricos em crianças com dificuldades na aprendizagem da matemática.

Esperamos que este post tenha ensinado como ajudar uma criança com discalculia a melhorar em matemática. Se tiver dúvidas sobre o risco de discalculia no seu filho, não hesite em consultar um especialista. A identificação e os cuidados precoces ajudam a reduzir as dificuldades.

About
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Hiwet Costa

Doutora em psicologia educacional pela Universidade de Trieste e especialista em transtornos de aprendizagem. É cofundadora da Happy Mind Training, uma clínica especializada em intervenção para dificuldades de aprendizado matemático, e faz parte da equipe de apoio à diversidade do Smartick. Atualmente, colabora com o Laboratório de Cognição Numérica da Universidade de Málaga em projetos relacionados à avaliação e intervenção em discalculia.